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A internet fará diferença nessa eleição?

Certamente esta não será a primeira eleição no Brasil com a presença da internet, mas ao que parece desta vez, ela terá um papel importante na cobertura do pleito e na escolha do candidato pelos eleitores. Após o exemplo de Barack Obama, nas eleições presidenciais nos EUA, políticos começaram a dar mais atenção a esta mídia, que vem provando ser, mais eficiente na aproximação entre eleitor e candidato do que as mídias generalistas.

Porém, mesmo com esta maior atenção dos partidos dispensada à Web, a forma de como utilizá-la demonstra a inexperiência do uso desta plataforma e a total falta de conhecimento das conseqüências de sua má utilização. Parece que alguns políticos se esquecem que o que eles fazem na Web é monitorado e divulgado para a população. Tratam as redes sociais como simples usuários e não medem o peso de suas palavras ou ações. Um episódio que demonstra isto foi a divulgação do nome do Senador Álvaro Dias como vice do candidato José Serra à presidência da República. Ela se deu por meio do Twiter do presidente do PTB, Roberto Jefferson. Este anúncio provocou uma intensa troca de mensagens na rede social que, deixou bem claro, que anúncios como este devem ser estrategicamente elaborados, para no mínimo, não causar constrangimentos. Vários outros políticos se manifestaram no twitter piorando ainda mais a situação.

“Com um aliado desse, o Democratas não precisa de inimigo. Vou defender dentro da executiva o fim da aliança com o PSDB”, publicou o Deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO).

Roberto Jefferson se irritou e respondeu: "O DEM e uma merda!!!"

O ex-prefeito do Rio, Cesar Maia (DEM), afirmou em seu Twitter: "Bem,...não creio que o Paraná seja mais importante que o Brasil. Prefiro aguardar. Afinal Serra não é Dunga."

Por fim, Roberto Freire, disse: "Só mesmo PSDB, com seu tino agudo de marketing, para indicar vice dia jogo do Brasil. Só não é pior porque estavamos classificados".

(Fonte das mensagens no twitter: Folha.com)

Esta “guerra” foi um prato cheio para a oposição inundar a Web com artigos mostrando a fragilidade da aliança do PSDB e DEM e, ainda, outro tsunami de comentários de leitores sobre o episódio. Utilizar a Web como palanque eleitoral tem suas particularidades. A equipe de Obama demonstrou isso muito bem.

Abaixo reproduzo texto de André Kadow, no site Tecnologia S/A

Como Obama venceu com a Internet

Ambos os candidatos usaram a Internet para chegar aos seus eleitores. Mas foi a equipe de Obama que chegou ao topo antes e usou a rede de uma maneira nuca antes vista. Durante a campanha, ela mudou a política – e talvez o governo – para sempre.
Ambas as campanhas dos candidatos a presidência dos EUA inundaram a Internet com todo o tipo de material, esperando que as pessoas os enviassem aos amigos e parentes. Mas a campanha de Obama provou ser a mais antenada com as tendências, deixando a de McCain para trás desde o começo. Isto graças a que Andrew Rasiej, fundador do TechPresident.com, chama de “a cultura de acreditar na Internet”. “Eles deixaram a mídia tradicional de cabelos em pé produzindo conteúdo que eles sabiam que seria distribuído no momento em que ele fosse para a Web”.

Não foram apenas vídeos no YouTube. A campanha de Obama também foi eficiente na segmentação dos seus apoiadores, montando diferentes métodos de comunicação para cada grupo. Com os mais jovens, por exemplo, eles fizeram uso das mensagens de texto; para os mais velhos, eles enviaram e-mails curtos e concisos. No começo, a campanha fez uso constante das informações dos apoiadores – um e-mail ou um texto quase que diariamente, para manter as pessoas a par das últimas notícias e ir ganhando pontos sem ter que usar os
caríssimos comerciais da TV americana ou o envio de mala-direta. Mas no final, eles enviaram e-mails diariamente e SMSs encorajando as pessoas a irem votar com amigos, participar de campanhas por telefone e a aparecer nos eventos próximos das suas residências. Até bolaram uma competição na qual o ganhador poderia participar da festa da vitória de Obama.

Para combater a frente de batalha digital de Obama, os Republicanos criaram um tipo de “sala de guerra” para a produção de vídeo, jogando no ar em uma quantidade enorme, várias peças que por sua vez foram repassadas pelos seus apoiadores. Entretando, sem uma estratégia maior e mais abrangente, a eficiência deste esforço é questionável de acordo com Raseij. A campanha não teve o impacto necessário na comunidade digital, o que limitou a criação de envios virais pelos americanos do conteúdo. A propósito o vídeo Wassup na versão de Obama é um dos mais legais da atualidade, onde ele pega um famoso viral da Bud e traz para o presente.
Ambas as campanhas usaram também algo chamado de targeting de comportamento online, mas mais uma vez o grupo de Obama se mostrou mais eficiente. Quando um eleitor navegava por algum dos sites da campanha, um “cookie” era colocado no seu navegador. Esse cookie podia identificar os tipos de sites antes visitados, ajudando o conteúdo a ser apresentado de acordo com as preferências deste eleitor.

Antes, os candidatos tinham que massificar sua propaganda, pensando em comerciais de TV que atingissem várias classes; este ano, eles literalmente puderam montar campanhas para cada indivíduo. Talvez por causa da grande campanha nas Primárias, o site de Obama recebeu mais hits, fazendo o seu targeting mais efetivo. No começo de julho, o site BarackObama.com estava batendo o JohnMcCain.com em uma proporção de 4:1, e no começo de setembro, mesmo com propagandas massissas dos Republicanos ele ainda continuava com o dobro de acessos.

Ainda de acordo com Rasiej, o bom aproveitamento da Internet pelo staff de Obama ajudou a reduzir os custos de sua campanha. Claro que milhões foram gastos nos sites oficiais e na rede social, MyBarackObama.com, mas grande parte dos esforços online foram de custos muito baixos, alguns até gratuitos. Usando plataformas abertas como o Facebook, MySpace e o YouTube, eles se comunicaram com os mais jovens de uma maneira nunca antes efetuada na política com custos extremamente baixos e resultados que muito melhores do que os das mídias tradicionais. Com as campanhas online, você pode ver no mesmo instante aonde estão os melhores resultados, reinvestir ali e melhorar o que não está funcionando. Tudo baseado em dados reais e em tempo real.

Sim, Obama entrou na onda e criou sua própria rede social. Centenas de milhares de apoiadores, voluntariamente, enviaram suas informações aos comitês ao se juntar ao MyBarackObama.com, encontrando enventos nas vizinhanças, filiando-se a campanha e ajudando aos outros a irem votar. No passado claro que os candidatos usaram sites mas todos como uma mão única para levantar fundos e não com a idéia de gerar uma comunidade ativa e isso se provou mais eficiente porque para a eleição o capital social e humano se mostrou mais interessante do que o financeiro. O poder político do futuro vai se basear na robustez e no
nível de comprometimento da rede social dos colaboradores e não somente em quanto dinheiro o candidato tem no banco ou quantos amigos ele tem no Congresso. Um dos melhores exemplos ocorreu na última semana antes da eleição, quando os apoiadores de Obama espalharam pelos Estados Unidos eventos de uma maneira inacreditável através da aplicação desenvolvida para o iPhone, Obama ’08.

A boa utilização da internet ajudou a campanha a coletar um número de dados de seus possíveis eleitores nunca antes visto. Imagine a seguinte cena: os responsáveis encontram alguém que visitou o sitem todos os dias, fez doações mensais de US$ 10 nos últimos meses, forneceu seu número de celular e votou nas primárias dos democratas. Esta é claramente uma pessoa que deseja trabalhar ativamente na campanha e então listar com vários perfis foram sendo criadas e através de um simples chamado milhares de voluntários foram agregados com um custo muito baixo.

Todo este esforço é vital a qualquer candidato hoje em dia, pois é uma forma eficaz de rebater os rumores e absurdos criados por seus competidores online e quando se buscar por “Obama” ou “McCain” os usuários devem encontrar mais coisas boas do que ruins. Coisas negativas como o texto que circulou “Little Known Facts About Sarah Palin” podem ser devastadoras. Fazer otimização nos buscadores pode ajudar mas não tem como substituir as opiniões finais, os vídeos caseiros ou os artigos escritos em blogs que se tornam
virais e foi ai que o time de Obama teve mais sucesso.

A força que o comitê de Obama colocou nas campanhas online mudou esta eleição e com certeza vai mudar as próximas mas também vai mudar a maneira dessa recém-eleita administração. Hoje Obama pode manter contato com seus colaboradores regularmente, pedindo apoio para legislar especificamente em cada parte dos Estados Unidos ou pedindo idéias de maneira informal e referendos não-ofiicias. No debate da revista Wired promovido há poucos dias, Reed Hundt, conselheiro de tecnologia de Obama, disse que através de
ferramentas como o Twiter e SMS eles foram capazes de trocar idéias de maneira muito rápida e espalhá-las de baixo para cima.

Fontes: Cris Danen e a revista Wired.

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