Infelizmente não. Assim como todas as outras emissoras no país, ela comete um erro administrativo, comum a empresas que não percebem que o negócio principal da empresa em questão está mudando, ou seja, é um erro de Missão.
A missão de uma empresa é a finalidade da sua existência. A missão liga-se diretamente aos seus objetivos institucionais e aos motivos pelos quais foi criada à medida que representa a sua razão ser. Qual é a missão de uma emissora de Televisão? Ou, qual é missão de qualquer veículo de comunicação baseado na venda de espaços para a publicidade? Entreter? Informar? Educar? Não! A missão de qualquer veículo de comunicação que se sustenta pela publicidade de massa é fazer a ligação entre anunciantes e consumidores. A programação, o conteúdo, é apenas a ponte que liga estes dois lados. O jornal do Brasil deixou sua versão impressa porque não consegui manter essa ponte, baixa venda de exemplares a ponte ruiu.
Mas, com as inovações tecnológicas outras pontes estão sendo erguidas entre os anunciantes e os consumidores, pontes mais baratas, mais eficientes, e em alguns casos, sendo criadas pelos próprios consumidores (redes sociais)
Amilcare Dallevo, um dos proprietários da RedeTV, emissora fundada com o espólio da antiga Rede Manchete, concedeu entrevista à revista Tela Viva, edição 205 de junho de 2010, onde expõe alguns planos futuros da emissora. São concernentes com o momento atual no que diz respeito aos investimentos em tecnologia de produção e transmissão (HD e 3D), mas falha exatamente em não externar (talvez de propósito) que o modelo de negócios da TV aberta esta mudando.
O modelo atual, que segue o modelo americano e veio se consolidando desde a implantação da TV no Brasil em 1950, se baseia na venda de espaço publicitário entre a programação. Quanto mais pessoas assistem a determinados programas, mais caros são os intervalos ou o patrocínio deste programa. E qual é a mudança? Qual o novo modelo de negócios? Venda de conteúdo. Não importa por qual plataforma ou mídia os programas produzidos pelas emissoras de TV serão disponibilizados, seja pelo ar, cabo ou rede. É preciso que se pague por eles. No modelo antigo, nenhum usuário irá pagar para assistir o Super Pop. Algum anunciante está pagando por isso. Mas como a audiência está cada vez mais fragmentada, os anunciantes estão sendo obrigados a diversificar a verba publicitária. Com menos anunciantes, o programa não pode ser financiado, ou pelo menos com o mesmo padrão de qualidade.
Mas como conteúdo o programa pode ser cobrado, mesmo que por uma quantia irrisória. Na entrevista Dallevo afirma que há vídeos que com mais de 20 mil acessos, hoje eles são gratuitos. Mas, tem de ser assim? Claro que não.
E as mudanças não se dão apenas nas emissoras de TV aberta. A TV paga está se adaptando mais rapidamente aos novos tempos. Empresas de TV a cabo nos EUA já perceberam que o VOD (vídeo-on-demand), TV everyhere (o usuário pode assistir a programação da emissora onde estiver por cabo ou pela rede) e a programação off-line (quem monta a grade de programação é o usuário e não a operadora) são apostas que vem atraindo os telespectadores. A interatividade, que aqui no Brasil ainda gera debates, nos EUA e principalmente na Europa é assunto superado. A IPTV (TV via protocolo de internet) é a opção do momento. A própria estrutura de Rede e afiliadas está seriamente comprometida.
O real desafio das emissoras de TV aberta no Brasil e pensar diferente. Todas vislumbram o futuro, mas todas querem manter o negócio antigo. A história já demonstrou que isto não funciona. Não adianta olhar o futuro com a cabeça no passado. Assistir televisão nunca mais será a mesma coisa.
Veja entrevista completa de Dallevo no site Tela Viva News
0 Comentários