Texto publicado em: FNDC
23/06/2011 |
Redação
Estado
Presidente argentina dá início à campanha com subsídio para compra de aparelhos
O programa prevê a distribuição de créditos do Banco de la Nación, que é estatal, para a compra dos televisores, e coincide com o início da Copa América, torneio sul-americano de seleções que será disputado em julho. Os aparelhos serão vendidos por US$ 675 e o pagamento pode ser feito em até 60 vezes. "Sou uma presidente que não gosta de uma Argentina para poucos, mas sim para muitos", disse Cristina.
A oposição acusa o governo de fazer populismo com esses programas e ressalta que, na prática, eles não passam de subsídios para obter dividendos políticos nas eleições presidenciais de outubro. "É pão e circo com molho eleitoral, vinculado à Copa América", criticou o economista Gabriel Rubinztein.
No último ano, o governo Kirchner lançou diversos programas com o lema "para todos", que facilitam a compra de bens e produtos a preços mais acessíveis. Entre eles estão subsídios para alimentação, como o "Carne para Todos", "Milanesas para Todos" e o "Merluza para Todos".
Além disso, a presidente estatizou as transmissões dos jogos de futebol do Campeonato Argentino, agora exibidos na TV aberta (leia mais ao lado). Outro benefício, destinado à compra de gás, foi batizado de "Botijões para Todos".
Favoritismo. Cristina tentará em outubro o terceiro mandato do kirchnerismo, que chegou ao poder em 2003 com seu marido, o ex-presidente Nestor Kirchner. A então primeira-dama foi eleita em 2007. A morte dele, em outubro de 2010, no entanto, impediu seu retorno à Casa Rosada e abriu caminho para Cristina tentar se reeleger.
Segundo pesquisa da consultoria Fara e Associados, se as eleições fossem hoje, Cristina teria 47% dos votos. Outros 18% votariam em Ricardo Alfonsín, filho do ex-presidente Raúl Alfonsín, da União Cívica Radical (UCR). O ex-presidente Eduardo Duhalde, líder do peronismo dissidente, teria 14%. A deputada Elisa Carrió, candidata da Coalizão Cívica, obteria 9% dos votos. Outros 7% ficariam nas mãos de Hermes Binner, governador da Província de Santa Fé.
Um resultado como esse daria à presidente a vitória no primeiro turno, já que, no sistema eleitoral argentino, um candidato vence se conseguir mais de 45% dos votos ou obter 40% dos votos desde que a vantagem sobre o segundo colocado seja superior a dez pontos porcentuais.
O levantamento da Management & Fit, no entanto, indica que Cristina tem 33,4% da preferência, contra 15,3% de Alfonsín e 5,8% de Duhalde. As especulações no âmbito político indicam que a vice de Cristina seria sua cunhada, a ministra da Ação Social, Alicia Kirchner, irmã do ex-presidente.
Outros rumores sugerem que o companheiro de chapa da presidente seria um governador do norte do país, forte reduto kirchnerista. Entre os favoritos estão o governador do Chaco, Jorge Capitanich, o de Entre Rios, Sergio Urribarri, e o de Tucumán, José Alperovic.
Integrantes jovens do gabinete presidencial, como o ministro da Economia, Amado Boudou, e o secretário de Comunicação, Juan Abal Medina, correm por fora.
A presidente também pretende evitar, segundo analistas, a chamada "síndrome de Cobos", uma alusão ao rompimento de seu atual vice-presidente, Julio Cobos, com o governo em 2008. Na época, como presidente do Senado, Cobos causou a derrota do governo na votação do "tarifaço agrário".
Agora, Cristina buscará um vice de alinhamento automático. Para analistas, a escolha será crucial, já que, sem Néstor, o companheiro de chapa da presidente terá status de "sucessor".
Bife à milanesa e futebol
Diversos programas populares foram anunciados na última metade do primeiro mandato de Cristina Kirchner. O "carne para todos" oferecia cortes de carne bovina a valores mais baixos do que a média do mercado. O "milanesa para todos" garantia o desconto no corte do bife à milanesa, um dos pratos mais populares do país. O mais famoso de todos os programas é o "futebol para todos". O acordo com a Associação de Futebol da Argentina (AFA) para a criação do Programa Futebol para Todos implicou na estatização das transmissões dos jogos de futebol por uma década. O argumento era "levar o futebol a todos os argentinos", pois desde os anos 90 as transmissões eram feitas pela TV a cabo. A oposição a acusou de "populismo", já que o espaço publicitário nos jogos é ocupado por publicidade do governo Kirchner. Até 2019, o governo desembolsará US$ 150 milhões por ano para a AFA e os clubes em troca dos direitos de transmissão. Com o acordo, o Grupo Clarín, crítico de Cristina, perdeu o direito de transmissão das partidas de futebol.
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