Atualizada em: 23/03/2012
Formada por 103,054 milhões de pessoas, a nova classe C brasileira está impactando vários setores da economia, e a indústria da comunicação no país tem sido uma das grandes beneficiadas com esta nova gama de consumidores fazendo do Brasil um dos mercados mais atrativos no mundo no que diz respeito a investimentos publicitários, venda de eletro-eletrônicos, computadores pessoais, telefones celulares e adesão a TV por assinatura. Os números são significativos e fornecem uma base sólida para se construir cenários futuros e direcionar os investimentos e posicionamentos das empresas ligadas a este setor.
Formada por 103,054 milhões de pessoas, a nova classe C brasileira está impactando vários setores da economia, e a indústria da comunicação no país tem sido uma das grandes beneficiadas com esta nova gama de consumidores fazendo do Brasil um dos mercados mais atrativos no mundo no que diz respeito a investimentos publicitários, venda de eletro-eletrônicos, computadores pessoais, telefones celulares e adesão a TV por assinatura. Os números são significativos e fornecem uma base sólida para se construir cenários futuros e direcionar os investimentos e posicionamentos das empresas ligadas a este setor.
Aliado aos bons índices sociais alcançados em 2010 (ver figura), este ano foi um ano marcante para a industria da comunicação no Brasil. A TV aberta registrou recorde no volume e na receita com a veiculação de anúncios. Cresceu 21,6%, maior crescimento em 20 anos1. A TV paga cresceu 30,7%, passando de 9 milhões de assinantes2. O número de celulares alcançou a marca de 202,94 milhões de aparelhos3. Mais do que a população total registrada no censo de 2010. Os computadores pessoais atingiram a marca de 13,7 milhões de unidades vendidas4, sendo 55% correspondentes a Desktops e 45% a notebooks.
Veja dados de 2011
Veja dados de 2011
Apesar das crises financeiras nos EUA na Europa, a expectativa é que esse bom momento do setor continue por mais um longo tempo, e até mesmo melhore, visto o volume de negócios esperado com a realização da Copa do Mundo de futebol e dos Jogos Olímpicos em 2014 e 2016 respectivamente.
Nova classe C
A chegada destes novos consumidores no mercado brasileiro tem se mostrado um desafio para os grupos tradicionais de mídia e principais agências de publicidade e pelo comportamento que tanto a mídia, quanto as agências de publicidade vêm demonstrando, pode-se dizer que a ascensão deste público à classe C aconteceu rápido demais e as estratégias que vinham sendo adotadas para produção de produtos de informação/entretenimento e veiculação de anúncios não atingem mais o público consumidor como antes. A TV aberta vem tentando se adaptar ao gosto e costume deste novo consumidor e mudanças significativas estão acontecendo na programação e no conteúdo de novelas e do telejornalismo.
Alguns meses atrás, o crítico de TV Mauricio Stycer, do portal UOL, tratou deste tema entrevistando Octávio Florisbal, diretor geral da TV Globo sobre o novo posicionamento da emissora na tentativa de alcançar este novo público (clique aqui para ler a entrevista). Mas, não é apenas a TV Globo que está se posicionando. Outras emissoras como a TV Record e a RedeTV!, também estão se adaptando a esta nova realidade (veja vídeo).
Porém, esta adaptação não é uma tarefa tão simples assim. Não basta mudar o foco do conteúdo ou a grade de programação. Conhecer hábitos de consumo de uma população tão grande leva tempo e se gasta muito dinheiro com pesquisas. Além disto, há um componente novo nesta equação: a internet. Essa nova ferramenta está alterando o perfil histórico de consumo de mídia, além de fragmentar consideravelmente a audiência, o que em um modelo de negócios onde a publicidade financia os grandes veículos de informação privados e fixa o preço do anúncio baseado no tamanho desta audiência, a fragmentação não é um bom negócio.
Desta forma, conhecer a nova classe C passou a ser ponto estratégico para anunciantes e empresas de comunicação. Abaixo resgato notícias veiculadas na rede que apontam perspectivas e tendências e demonstram a importância e a dificuldade de se comunicar com esse novo público.
- De acordo com o e-bit 61% dos novos consumidores possuem renda de até R$ 3.000,00 reais;
- A nova classe média deve gastar este ano cerca de R$ 1 trilhão de reais5 e possuem como intenção de compra os seguintes itens:
Itens | Nova classe média |
Computador | 61% |
Eletrodomésticos | 56% |
Imóvel | 53,6% |
Carro | 51,7% |
Medicamentos | 49,7% |
Higiene e beleza | 48% |
Fonte: Data Popular |
- Pesquisa da FGV aponta que o Brasil terá 140 milhões de PCs até 20146
- Em 2015 os Tablets serão o terceiro eletrônico em vendas no mundo, perdendo apenas para a televisão e os computadores pessoais. Vão movimentar um mercado de U$ 49 bilhões de dólares7.
- Segundo a Cisco, vídeo vai dominar tráfego mundial de celulares e Tablets em 20158.
- Classe C é a nova consumidora de TV paga. Hoje o meio representa 31% de penetração na classe social9
- A classe C está no Facebook10
Talvez o ponto mais importante que se deva prestar atenção nesses novos hábitos e consumo da classe C, seja a apontado por Venício A. de Lima ao citar recente artigo publicado na revista Carta Capital: o poder da maioria, de Soraia Agegge. Lima faz uma importante análise do comportamento da nova classe C e afirma que está ocorrendo em nossa sociedade um deslocamento dos formadores de opinião.
“no atual contexto, dizem os especialistas, o eixo da formação de opinião deslocou-se dos pais, ou de velhas lideranças locais, como padres e representantes comunitários, para os filhos”. E prossegue: “Os dados revelam que, nesse segmento, o que mais vale não é o que diz a televisão. Nada menos que 79% deles confiam mais nas recomendações dos parentes que na propaganda de tevê. Para se ter uma ideia, no Nordeste, onde se deu a maior expansão desse estrato social, 74% preferem se informar pelo boca a boca”.
Em outro trecho afirma:
“Aos 20 anos, [Vanessa Antonio] integra a porção jovem dos 31 milhões de brasileiros recém-instalados no meio da pirâmide social, com renda familiar mensal entre 1,5 mil e 5 mil reais. [Ela] e outros milhões de jovens das periferias começam a desempenhar o papel de principais formadores de opinião da chamada “nova classe média”. E mais: “Para os jovens como [Vanessa], três fatores aumentaram seu poder de opinião sobre a família e suas comunidades: emprego, estudos e o que eles chamam de “nova bomba do mundo”, a tecnologia. “Temos computadores e celulares. Nossas famílias agora têm mais acesso à informação. Agente vê as notícias, compara na internet e conta para eles.”
Este é um aspecto importante, talvez o mais importante, pois estes novos formadores de opinião buscam informações em comunidades e redes sociais. No Brasil, 30 milhões de usuários possuem conta na rede social Orkut e mais de 13 milhões no Facebook. O Brasil é ainda o 4º colocado mundial em utilização do Twitter.
Este novo perfil do consumidor brasileiro, presente na maior parcela economicamente ativa da população, força uma nova abordagem das mensagens publicitárias e do conteúdo audiovisual e impresso. Ações de comunicação Transmídia já estão presentes em boa parte das estratégias de marketing dos grandes anunciantes. Porém, muitos ainda estão presos as antigas fórmulas de se fazer publicidade e aos antigos mecanismos de engajamento da audiência do mundo analógico e podem estar perdendo muito dinheiro.
Mas até que não conheçamos realmente e intimamente esta nova classe C não há outra alternativa a não ser tentarmos prever seu comportamento e por meio de erros e acertos adquirir experiências que minimizem a distância entre emissores e receptores, ou vice e versa.
Fontes:
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