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Ampliação da TV paga no Brasil atingirá diretamente a interatividade via Ginga

As recentes mudanças que estão ocorrendo no setor de Telecomunicações no Brasil, mais precisamente em relação à TV por assinatura, irão impactar seriamente o mercado de radiodifusão e telecomunicações em um futuro muito próximo. E o setor mais prejudicado poderá ser o desenvolvimento do software Ginga e o desejo do governo em realizar a inclusão digital também por meio da TV digital aberta.

A partir do dia 02/06 a Anatel oficializou a entrada da empresas de Telecomunicações na prestação do serviço de TV por assinatura via cabo. Até então, estas empresas somente podiam comercializar o serviço via satélite ou em conjunto com outras empresas. Com esta medida, não haverá mais limite de licenças de TV a cabo no Brasil e nem a necessidade de fazer licitação para a outorga de novas licenças. Basta que as operadoras solicitem novas licenças, ao custo de R$ 9 mil reais, para a agência. Desde 2000, não havia licitação para novas operações de cabo. Outra mudança importante é que a publicidade na TV paga poderá se equiparar à TV aberta.

Analistas estimam que estas mudanças irão aumentar em grande escala o número de cidades com oferta de TV por cabo (atualmente a TV por cabos não chega a 300 municípios) e que a base de clientes banda larga, outro serviço prestados pelas operadoras de TV por cabos, aumentaria 32%, conectando mais de 4,4 milhões de pessoas à internet.
Além disso, um novo obstáculo para o Ginga poderá se mostrar o mais difícil de ser vencido.

“Trata-se da questão vinculada ao must carry, ou a obrigação de as operadoras de TV a cabo transportarem – gratuitamente – todos os canais de TV aberta da região. Atualmente as operadoras de cabo carregam apenas os programas das geradoras locais de suas áreas de concessão. A nova proposta de regulamento amplia as áreas de prestação para cada licença. Na primeira versão de seu documento, Rezende admitia que as operadoras não levassem todos os sinais das emissoras da região. Agora, ele propõe que sejam carregados os canais de todas as geradoras locais de cada município (uma reivindicação antiga do segmento de radiodifusão).” – Telesíntese

Desta forma, as empresas que ofertarem o serviço de TV por cabos serão obrigadas a incorporar, gratuitamente, os sinais das emissoras locais e regionais. Exatamente neste ponto surge o maior obstáculo para que o Ginga e para a TV Digital aberta. A interatividade oferecida pelo software Ginga na TV digital não é compatível com o sinal enviado pelas operadoras de cabo. Ou seja, quem assistir a TV aberta via operadora de TV a cabo não irá desfrutar das opções de interatividade oferecidas pelo Ginga.

Desta forma, o Ginga possui três frentes de batalha:
a) definir um modelo de negócios para que as emissoras abertas incorporem a interatividade em larga escala – veja excelente matéria de Valdecir Becker sobre esta questão clicando aqui!;

b) com mais pessoas conectadas a internet banda larga, cresce a oportunidade de negócios para a chamada TV conectada, aparelhos de televisão com conexão à internet com serviços próprios ou de parceiros, como a SmarTV da Samsung. A junção entre a TV e a internet propicia uma interatividade mais atraente para o consumidor daquela oferecida atualmente pelo Ginga, além de modelos de negócios mais bem estruturados e já em operação (links patrocinados);

c) por fim, o aumento de assinantes do serviço de TV por cabos, que consequentemente ficarão impossibilitados de acessar a interatividade via Ginga, visto que o sistema da TV aberta é incompatível com o sistema via cabos.

Não seria a primeira vez que a vontade e planos políticos não são implementados por irem de encontro aos interesses da iniciativa privada. Caso o Ginga não venha a ser explorado em larga escala pelas emissoras de TV digital aberta no país, pior para nós, pois as vantagens deste sistema são inúmeras e a inclusão social poderia de fato contar com mais uma grande ferramenta de auxílio.

Quem sabe, não resta a TV pública arcar sozinha com esta possibilidade e enorme tarefa, de não só proporcionar a inclusão social, mas também salvar um projeto genuinamente brasileiro como o Ginga.

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