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A Era do PC terminou

Nesta época de convergência, mais um dispositivo entra na lista dos que irão acabar. Agora é a hora e a vez do “Personal Computer”, ou o velho conhecido, PC. Primeiro vieram os Smartphones, capazes de realizar as mesmas tarefas e aplicativos que os desktops. Mas, como sempre, as questões que envolvem a substituição dos dispositivos tecnológicos ou tecnologias são conceituais. E a internet e a telefonia celular estão mudando radicalmente o conceito do uso do computador pessoal.

A história do computador pessoal remonta ao O ENIAC. Inaugurado em 14 de fevereiro de 1946, por J.P. Eckert e John Mauchly, da Universidade da Pensilvânia, o gigante, marca o nascimento do primeiro computador para uso geral. Era mil vezes mais rápido do que qualquer máquina anterior, resolvendo 5 mil adições e subtrações, 350 multiplicações ou 50 divisões por segundo, e tinha o dobro do tamanho do Mark I: encheu 40 gabinetes com 100 mil componentes, incluindo cerca de 17 mil válvulas eletrônicas. Pesava 27 toneladas e media 5,50 x 24,40 m, consumindo 150 kW. Apesar de seus inúmeros ventiladores, a temperatura ambiente chegava às vezes aos 67 graus centígrados. Executava 300 multiplicações por segundo e cerca de 19.000 válvulas eram substituídas por ano.

Para que os computadores deixassem as salas de empresas e universidades e se tornassem um utensílio doméstico, foram necessárias algumas transformações. A primeira delas foi a invenção do transistor. Com ele, foi possível diminuir, consideravelmente, o tamanho das máquinas, e ainda aumentar sua capacidade de trabalho. Tempos depois, outra invenção, patenteada em 1959, como um semicondutor, marcava o nascimento do chip, na verdade um dispositivo eletrônico com milhões de transistores, o que tornaria possível a utilização do computador para inúmeras tarefas. Nascia o personal computer. Em 1976, Steve Jobs e Steve Wozniak, iniciou uma empresa que mudaria o rumo da informática: a Apple. Com o Apple II o conceito do PC que utilizamos foi estabelecido e dominou a indústria desde então.

Jobs foi o responsável pelo lançamento de um modelo de computador que introduziu quase todos os elementos da interface atual: menus, ícones, pastas, lixeiras. Estes elementos não foram escolhas aleatórias. Eram, na verdade, analogias aos fichários e escrivaninhas de qualquer escritório. Steven Johnson, em seu livro “Cultura da Interface” descreve o ponto norteador desta escolha:

“Se o computador podia assumir qualquer forma imaginável, por que não o fazer imitar o velho mundo analógico que iria substituir? Era uma espécie de troca imaginativa: se as pessoas iriam abandonar seus fichários e pilhas de papel, por que não simplesmente transferir essas coisas para o mundo digital? Parte da solução era funcional. Era possível usar como fundamento o potencial e as aptidões que o usuário já possuía. Saber alguma coisa sobre organização de fichários nos ajudaria na organização de nossos arquivos digitais, assim como conhecer o funcionamento de lixeiras nos ajudaria a excluir arquivos. As metáforas tornariam a experiência do usuário mais intuitiva, e metáforas gráficas mais divertidas, animadas, tornariam a idéia de usar um computador menos intimamente. Se você sabia se sentar a uma escrivaninha e revirar papéis, podia usar a máquina”.

Este foi o conceito que dominou a produção de computadores pessoais: uma transposição do escritório analógico para um escritório digital. Não por acaso, uma série de softwares surgiram para auxiliar esta tarefa. O pacote Office da Microsoft é um exemplo: Planilhas (Excel), Banco de Dado (Access), Apresentações de slides (PowerPoint) e o número um, Word, reinaram absolutos, mas, são apenas uma ponta da infinidade de programas e aplicativos que sustentavam o “escritório digital” que se tornara o computador pessoal.

Mas, eis que surge a Internet e o computador pessoal deixa de ser um escritório digital para se tornar um centro de mídia e entretenimento. Uma mudança radical no conceito do PC. Agora, vídeos, filmes, fotografia, salas de chat, música, sites de relacionamento, conversas instantâneas e muito mais, reinam dentro do PC. Uma conseqüência disto foi a explosão da indústria de Notebooks e seus derivados. As pessoas queriam estar conectadas e o seu centro de mídia particular deveria estar com eles em qualquer lugar.

Surge então, a outra mudança conceitual, mas ela agora se desloca para outro aparelho que veio se desenvolvendo paralelamente ao PC: o telefone celular. Já faz algum tempo que o celular não é utilizado para sua primeira função conceitual que era simplesmente possibilitar a conversação com outra pessoa. Além desta capacidade, tirar fotos, produzir vídeos em alta definição, participar das redes sociais, ouvir e baixar músicas, realizar vídeo chamadas, efetuar pagamentos, baixar filmes e muitos mais, já são plenamente possíveis de se fazer via celular, dependendo do modelo, é claro.

O professor Sérgio Mattos analisa a questão em um ensaio onde percebe esta tendência que poderá, até mesmo, interferir no modelo de negócios das empresas de comunicação.

"A tecnologia digital já está reestruturando o mercado de comunicação no Brasil como um todo. Se a TV Digital já está provocando mudanças, o aparelho celular digital vai provocar mudanças mais radicais. Muito se tem discutido sobre a produção de conteúdo destinado aos aparelhos celulares, mas poucos são os estudos que apontam, por exemplo, o celular como ferramenta apropriada para a produção de conteúdo multimídia. O usuário de celular digital, um cidadão comum, poderá se transformar também, ele mesmo, em produtor e distribuidor de conteúdos multimídia para grupos e redes. Ao assumir a função de nova mídia digital, de alta mobilidade e portabilidade, capaz de receber, transmitir e armazenar conteúdos de todas as outras mídias, além de fotografar, filmar e enviar mensagens de texto, com o usuário assumindo uma postura ativa, participando com agente transformador e construtor da realidade, interagindo, sendo fonte, receptor e transmissor simultaneamente, pode-se afirmar que o celular entra nesta reestruturação do mercado com um papel de extrema importância. As projeções indicam que o ano de 2009 vai acabar com mais de 165 milhões de assinantes de celulares e que em 2013 mais de 50 milhões de usuários estarão assistindo programas televisivos por meio do celular, que é mais barato do que um televisor digital. Desta forma, o celular passa a ser a principal variável econômica que pode fazer a diferença no futuro do modelo de negócios a ser adotado pelo setor. Com a TV Móvel e os celulares digitais capazes de receberem os sinais da TV aberta, a indústria brasileira de entretenimento ganha novas alternativas de receita".

Entretanto, as mudanças não param por aí. O mesmo Steven Jobs, que iniciou a era do PC, decreta o seu fim. Com sua companhia vendendo 33 mil iPads por dia, Jobs afirmou que está claro que a indústria de tecnologia está pronta para se mover para além da computação pessoal. "O PC é brilhante", relatou. "Nós gostamos de falar sobre a era pós-PC, mas não é algo confortável". Jobs afirmou que os tablets representarão algo maior que os PCs no futuro assim como o software que os equipam receberão melhorias suficientes para facilitar tarefas avançadas como criação de conteúdo e edição. "Com o tempo, esses dispositivos vão crescer para fazer novas coisas", prevê Jobs.

E esta parece ser mesmo a aposta da indústria, haja vista a oferta de tablets por outras empresas como a HP e Asus. Bye Bye PC.

Fonte:

http://www.fndc.org.br/internas.php?p=noticias&cont_key=543058
http://www.ufrb.edu.br/reconcavos/pdf/sergio_mattos.pdf
http://pt.wikipedia.org/wiki/Computador_pessoal

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1 Comentários

Anderson disse…
Boa Noite.
A muito tempo estou a procura do livro do Machado ao computador sou Gaucho de POA e Moro a 5 anos em fraiburgo,já fui falar até falar com a Dona Gerda Frai e éla tambem não tem,gostaria de compralo ou ganhalo par eu ler caso saiba de alguem que queira me doar ou me vender me fale ok.
seu comentario é estremamente pertinente gostei muito.
grato Anderson Dutra