Nas últimas semanas, brasileiros de várias cidades no país organizaram e foram para as ruas reivindicando seus direitos ou expondo suas opiniões sobre os mais diferentes temas. Citando apenas algumas, foram às ruas a marcha da maconha, das vadias, a marcha para Jesus, o churrasco da gente diferenciada e a marcha da liberdade.
Não é difícil ligar estes eventos a um fator comum: as redes sociais. As redes sociais são um fenômeno no Brasil. Internautas brasileiros são campeões de acesso e participação nestas redes. Mais de 70% dos participantes da rede Orkut são brasileiros, já somos o quarto país no mundo a utilizar o Twitter. Esse enorme envolvimento dos brasileiros nas redes sociais já está influenciando o mercado de trabalho, o comercio eletrônico e, principalmente, a capacidade das pessoas de se organizarem e ganharem as ruas. Uma prova desta capacidade de mobilização foi o “churrasco de gente diferenciada”. Após a publicação do depoimento de um morador de uma região nobre da cidade de São Paulo contra a criação de uma estação de metrô no bairro por atrair “uma gente diferenciada” na utilização do serviço, centenas de pessoas participaram de um churrasco que começou com apenas 50 pessoas. Mas durante o dia, e com a divulgação de posts no Twitter e no Facebook, mais e mais pessoas foram chegando e mais de 600 pessoas participaram do evento/protesto no final daquela tarde.
Especialistas afirmavam que o fato das pessoas poderem se agrupar em comunidades virtuais e encontrar pessoas com gostos iguais e a mesma visão de mundo eram uma das causas do sucesso destas redes. O fato é que se essas pessoas se encontram na internet é mais do que natural que esses grupos soltem a voz e expressem seus sentimentos e reivindiquem seus direitos. E este não é um fenônemo isolado no Brasil. As revoltas no mundo árabe, Grécia, Espanha, Chile e a última eleição presidencial no Peru, tiveram grande participação e envolvimento das redes sociais.
Assim, essas marchas não são movimentos passageiros ou modismo da internet. Certamente veremos mais desses eventos e mais e mais vozes que anteriormente não tinham como se organizar ou não podiam se organizar.
Na antiguidade os moradores da Pólis (cidade) utilizavam a Ágora (normalmente um espaço livre de edificações, onde as pessoas costumavam ir configuradas pela presença de mercados e feiras livres em seus limites – Wikipédia) para exercer seus direitos de cidadãos. Nestes novos tempos onde o real se mistura ao virtual, onde o físico se mistura com o imaginário, a praça e todas as suas representações simbólicas também são transferidas para o mundo da rede. O que isso realmente irá representar para a democracia ainda estamos por experimentar.
Foto: Gabriela Moncau
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